Marco do saneamento já começa a destravar investimentos

Marco do saneamento já começa a destravar investimentos

A infraestrutura é um dos principais focos dos investidores de longo prazo, acima de 25 anos. Isso porque os projetos são de maturação lenta e permitem auferir retornos estáveis por muito tempo. E isso atrai um tipo específico de investidor, aquele que espera maturações consistentes e sem pressa. Como fundos soberanos. O da Noruega, maior do mundo com US$ 1,3 trilhão em patrimônio, estima que seus investimentos nesse setor, que estão na casa de 3%, podem triplicar de tamanho até 2030.

No Brasil, o saneamento básico está deixando de ser apenas um problema para se tornar uma perspectiva real de avanços sociais e de saúde para a população e de ganhos bilionários para empresas do setor. Principalmente depois do marco legal do saneamento, que completou dois anos no mês passado.

Dois anos após o marco do saneamento, setor acelera investimentos garantidos por fundos e empresas privadas que têm arrematado leilões.


Com o marco legal houve obrigatoriedade de lançar licitação para obras do segmento e as companhias privadas concorrem de igual para igual com estatais, que dominam o setor mas — em sua maioria — pararam no tempo e não possuem fôlego financeiro ou capacidade técnica para efetivar os investimentos.

A meta imposta na legislação é de que 99% da população brasileira tenha acesso à água potável e 90% ao tratamento e à coleta de esgoto até o ano de 2033. Hoje, 35 milhões de pessoas no Brasil (16% da população) vivem sem água tratada e 100 milhões (47% dos brasileiros) não têm acesso à coleta de esgoto. A previsão é de que sejam necessários R$ 149,5 bilhões de investimentos para alcançar a universalização dos serviços, segundo o governo.

Um estudo da KPMG no Brasil, elaborado com a Associação Brasileira das Concessionárias Privadas de Serviços Públicos de Água e Esgoto (Abcon), o montante ideal seria de R$ 753 bilhões. De qualquer forma, um vasto campo a ser trabalhado. “É inegável a capacidade desse mercado de atrair investimento”, disse Carlos Montes Bicalho, professor de gestão de políticas públicas da USP. “Depois do marco legal se tornou mais fácil e seguro migrar para esse ramo. E empresas de dentro e fora do Brasil estão enxergando tal potencial.”

Fonte: IstoÉ Dinheiro