Adeus, Troller: por que Ford dispensou venda e “matou” a marca brasileira
A decisão da Ford de não mais vender a marca Troller e os direitos de produção do seu único modelo, o utilitário T4, decretou o fim de uma das poucas e mais cultuadas marcas automotivas genuinamente brasileiras. A notícia, que veio a público nesta segunda-feira (9), surpreendeu os cerca de 470 funcionários da fábrica da Troller em Horizonte (CE), bem como o governo do Ceará, que acompanhava as negociações, e um empresário paraibano cujas tratativas para assumir a produção do jipe 4×4 estavam avançadas.
Em conversa com UOL Carros, Maia Júnior, titular da Sedet (Secretaria do Desenvolvimento Econômico e Trabalho do Estado do Ceará), informa que as bases do contrato de compra das instalações e da marca Troller por esse empresário já estavam acertadas com uma empresa norte-americana de aquisições e fusões contratada pela Ford. “Falei com ele na segunda retrasada [2] e ouvi que só faltava assinar. Contudo, recebi anteontem [9] um telefonema de Rogelio Golfarb [vice-presidente da montadora] informando que as negociações tinham sido suspensas por determinação da matriz nos Estados Unidos”, diz o secretário, que acrescentou que o empresário interessado ficou “altamente indignado” com o recuo da oval azul.
Procurada pelo UOL Carros sobre o fim da marca brasileira, a Ford afirmou que continuam à venda os ativos da Troller, incluindo terreno, instalações, equipamentos e ferramentas – seguindo o mesmo modelo adotado para as unidades de Camaçari (BA) e Taubaté (SP), que ainda esperam por comprador. “De que adianta comprar terreno, que inclusive foi doado pelo Estado, se não pode fabricar o produto? Além do investimento para a compra, esse empresário da Paraíba gastou dinheiro com planejamento e capital de giro. Ele pretendia não apenas manter a produção do T4 em Horizonte, mas também fabricar outros veículos lá”, pontua o secretário do governo cearense.
Fonte: UOL