Startup de veículos elétricos quer acabar com a linha de montagem. Como?
Uma pequena montadora de veículos elétricos financiada pela empresa de entregas UPS quer substituir as linhas de montagem que as montadoras usam há mais de um século por algo radicalmente diferente: pequenas fábricas que empregam algumas centenas de trabalhadores.
A empresa, Arrival, está criando “microfábricas” altamente automatizadas, nas quais suas vans e seus ônibus de entrega serão montados por robôs multitarefa, rompendo com a abordagem pioneira de Henry Ford, usada pela maioria das montadoras do mundo. As fábricas produziriam dezenas de milhares de veículos por ano. Isso é muito menos que a capacidade das montadoras de automóveis tradicionais, que contam com mais de 2.000 funcionários e normalmente produzem centenas de milhares de veículos por ano.
De acordo com a Arrival, a vantagem é que suas microfábricas custarão cerca de 50 milhões de dólares, em vez do valor superior a 1 bilhão necessário para construir uma montadora tradicional. A empresa, que tem sede em Londres e está instalando fábricas na Inglaterra e nos Estados Unidos, afirma que esse método deve produzir vans muito mais baratas que outros modelos elétricos e mais até que os veículos comuns, atualmente movidos a diesel. “A abordagem da linha de montagem exige um investimento de capital muito grande e você tem de chegar a níveis de produção muito altos para ter alguma margem. A microfábrica nos permite montar veículos lucrativos em qualquer quantidade”, disse Avinash Rugoobur, presidente da Arrival e ex-executivo da General Motors.
A empresa espera que seus veículos elétricos representem uma mudança no mercado sonolento das vans de entrega. Esses veículos são adequados para eletrificação porque viajam determinado número de quilômetros por dia e podem ser carregados durante a noite. A Arrival já conquistou a UPS, que tem menos de 1% de participação na empresa e planeja comprar 10.000 vans da Arrival nos próximos anos.
Nas fábricas da Arrival, uma plataforma motorizada transportará veículos inacabados entre seis grupos de robôs diferentes, com diferentes componentes adicionados em cada parada. A empresa também está substituindo a maioria das peças de aço dos veículos por componentes feitos de compósitos avançados, uma mistura de polipropileno, um polímero usado para fazer plásticos, e fibra de vidro. As partes são unidas por adesivos estruturais e não por soldas de metal.
O uso de materiais compósitos, que podem ser produzidos em qualquer cor, eliminaria três das partes mais caras da linha de montagem de automóveis — a oficina de pintura, as prensas gigantes que fazem paralamas e outras peças, e os robôs que soldam peças de metal para formar os componentes maiores da parte inferior da carroceria. Cada uma dessas partes da montadora geralmente custa várias centenas de milhões de dólares.
Fonte: Exame