Indústria química prevê crescimento de pedidos

Indústria química prevê crescimento de pedidos

Na cadeia de fornecimento de materiais para saneamento, a indústria química é uma das mais animadas. Para o setor, atender a meta de universalização do fornecimento de água e da coleta de esgoto representa, por exemplo, aumentar em 700 mil toneladas/ano a produção nacional de cloro, que tem ficado ao redor de 1 milhão de toneladas/ano. “É o equivalente à produção de duas mega plantas”, calcula Ciro Marino, presidente executivo da Associação Brasileira da Indústria Química (Abiquim).
Hoje o Brasil tem oito plantas produtivas de cloro, com capacidade superior a 1,4 milhão de toneladas. “Como trabalham com 50% a 60% de utilização de sua capacidade, as empresas estão preparadas para atender à demanda”, diz Maurício Russomanno, presidente da Associação Brasileira da Indústria de Álcalis, Cloro e Derivados (Abicloro) e CEO da Unipar, produtora de cloro, soda e PVC.

O setor químico está presente em várias fases do processo de saneamento, desde a preparação da obra, com o uso do geotêxtil, geralmente feito de propileno, à concretagem, que usa aditivos químicos em concretos especiais. “Está também na rede de distribuição de água ou de captação de esgoto, que pode seguir a linha do polipropileno ou de PVC, que usam eteno e cloro”, explica Marino.

Na parte de tratamento da água potável, a indústria química entra na produção, por exemplo de clarificadores, floculantes, ajustes de PH, turbidez. “Em esgoto, participa do tratamento bioquímico já nas grandes bacias de captação, com as enzimas que fazem a degradação dos princípios orgânicos, a oxigenação e outros agentes que fazem a neutralização, devolvendo para a natureza água às vezes com qualidade superior à que foi captada”, diz o presidente da Abiquim.

Com atuação no Sudeste, a Unipar já vem registrando aumento de demanda, mas os estímulos são outros. “O nível de saneamento na região é mais elevado e, com a pandemia, as pessoas demandaram mais cloro – que é insumo do hipoclorito usado na produção da água sanitária, cuja demanda aumentou muito por causa da covid-19”, diz Russomanno.

Segundo ele, o percentual histórico de 70% de utilização da capacidade produtiva da Unipar subiu no ano passado para 80% na fábrica de Santo André e para 91% na de Cubatão. No primeiro semestre deste ano, a companhia registrou aumento de 61,1% na sua receita líquida, que chegou a R$ 2,47 bilhões no mesmo período do ano anterior. Em 2020, o crescimento foi de 26,9% sobre 2019.

Um dos desafios aos negócios, segundo ele, é a disponibilidade de insumos, como a eletricidade, que representa quase 50% do custo variável. “Nos propusemos, no fim do ano passado, a produzir nossa própria eletricidade baseada em origem renovável e limpa”, afirma o executivo. A companhia assinou duas parcerias, a primeira de um parque eólico em Tucano (BA) e outra de um parque solar em Pirapora (MG), com a meta de alcançar 70% de autogeração.

Fonte: Valor